Vamos fazer uma experiência curta. Pense em duas lembranças
do passado, uma agradável e outra desagradável. Separe um minuto
para vivenciar cada uma dessas lembranças de qualquer forma que para
você for natural. Observe como se lembra dessas experiências, seja
revivendo-as, associado a elas, ou simplesmente observando-as, dissociado, e
veja-se a uma certa distância como se fosse um filme ou slide.
Seja qual for a maneira como se lembrou naturalmente dessas
experiências agradáveis e desagradáveis, volte atrás
e inverta-as. Se estava dissociado na experiência desagradável,
entre na imagem e observe como isto muda suas sensações. Se estava
associado, afaste-se do seu corpo e veja-se dissociado e observe isto como o
faz sentir-se diferente.
Agora, pense em como se lembrou da experiência agradável.
Se você estava dissociado na lembrança agradável, entre
nela e experimente-a como se estivesse acontecendo agora. Se estava associado,
saia por um momento e veja como é observá-la.
Quando você está associado a uma lembrança,
você tende a ter todas as sensações que teve originalmente,
agradáveis ou desagradáveis. Quando você está dissociado,
em geral só tem as sensações de um observador neutro.
Passando por esta experiência, ficam evidentes os meios que você
usa para se lembrar de acontecimentos. Você vai querer se lembrar das
experiências positivas de uma forma associada e das negativas de uma forma
dissociada.
Um exemplo de como não usar estas habilidades é
a história de uma mulher que estava se divertindo muito em uma festa
de final de ano. Durante horas ela brincou, dançou... até cantou
para o grupo e era a pessoa mais engraçada ali. Lá pelas duas
horas da manhã, um pouco antes de todo mundo já ter saído,
alguém entrou e esbarrou no seu braço fazendo respingar no vestido
branco o café que ela estava bebendo. Ela deu um pulo, horrorizada e
disse, "Estragou a minha noite!" Meses depois, no armazém,
ela encontrou um homem que tinha estado na festa. Quando ele começou
a conversar com ela a respeito daquela noite, ela o interrompeu dizendo em tom
exasperado, "Por favor, não me fale daquela festa que noite terrível!"
Esta mulher teve a experiência de ser a alma da festa
durante horas seguidas e depois estragou tudo por causa de um momento negativo.
Em vez de gozar das lembranças agradáveis da noite, ela se associou
à experiência do café derramado no final da festa e dissociou-se
de todas as horas divertidas que passou. Esta não é uma maneira
muito inteligente de se lembrar de uma festa e nem muito proveitosa de levar
a vida.
Pense nas pessoas que ficam deprimidas. Quase sempre são
as que se dissociam de suas experiências positivas e se associam às
negativas. Agora, pense nas pessoas que você talvez conheça cujas
vidas são verdadeiras montanhas russas emocionais. Uma hora elas estão
lá em cima, no minuto seguinte já estão lá embaixo.São
pessoas que se associam à quase todas suas experiências, agradáveis
ou desagradáveis, raramente se dissociando delas.
Existem também pessoas que tendem a viver grande parte
da vida na posição de observador. Em geral, elas são atraídas
para profissões que requerem análises, incluindo ciências
como engenharia ou programação de computadores. Freqüentemente,
estão mais voltadas para conceitos, informações e coisas
do que para pessoas. Se você quer realmente gozar a vida, precisa se associar
às suas lembranças, para poder apreciar todos aquelas sensações
agradáveis e usá-las como recursos positivos que apóiem
atitudes positivas para futuros resultados.
A fisiologia das sensações agradáveis
é muito mais saudável para o seu corpo do que a fisiologia estressante
do aborrecimento. Tipicamente, seu corpo reage aos aborrecimentos com uma fisiologia
de "lutar ou fugir". Isto serve na hora de escapar de uma situação
verdadeiramente perigosa mas, em situações desagradáveis
comuns, só resulta em tensão, pressão alta e todas as outras
reações fisiológicas de estresse. Já é bastante
ruim ter que experimentar todas aquelas sensações ruins uma vez;
por que ficar repetindo? Quando você se dissocia de uma lembrança
desagradável, continua podendo se ver infeliz lá longe, para continuar
tendo consciência do que não quer experimentar no futuro. Você
não perde nenhuma informação valiosa e pode ainda se lembrar
das lições importantes que aprendeu com estas experiências.
Você só perde as sensações ruins que tendem a limitar
seus pensamentos e criatividade quando você mais precisa deles.
Dissociando-os de suas lembranças desagradáveis,
você pode continuar cheio de recursos e criativo, com mais capacidade
para enfrentar as dificuldades que a vida apresenta. Aprendendo a discernir
quando se associar ou se dissociar é importantíssimo para mudar
a sua vida.
A próxima etapa é começar a ensinar seu
inconsciente a fazer esta escolhoca automaticamente. Se você já
experimentou este tipo de escolha
automática, talvez não seja necessário fazer o exercício
a seguir. No entanto, ele é agradável e ainda pode fazer muita
diferença na sua vida.
Exercício 27: Associação e Dissociação
I. Associação
1. Fisiologia. Utilize a fisiologia de associação.
Incline-se para frente, olhe de um lado para o outro, sinta as sensações
que está experimentando agora, e sinta-se pronto para se mover, para
reagir ao que vai acontecer em seguida.
2. Associe-se a uma Lembrança Agradável. Pense
agora em uma lembrança agradável e demore-se associando-se a ela
plenamente, de forma a estar dentro dela de novo, olhando com seus próprios
olhos, vendo o que viu e ouvindo o que ouviu. Divirta-se sentindo todas as boas
sensações que teve originalmente naquela situação.
3. Repita a Etapa 2. Use várias outras lembranças
agradáveis, uma de cada vez, enquanto mantém a fisiologia de associação.
Escolha lembranças agradáveis em contextos bem diferentes trabalho,
diversão, lar, esporte, sexo, auto-satisfação e reconhecimento
dos outros, etc. Associe-se a uma delas totalmente, para poder apreciar e sentir
plenamente estas sensações positivas e cheias de recursos.
4. Peça à Sua Mente para Se Associar Apenas Positivamente.
Agora, feche os olhos e pergunte ao seu inconsciente se ele não quer
ser um recurso positivo permitindo que você automaticamente se associe
a todas as lembranças positivas, sempre que se lembrar delas. Reconheça
que, em quase todos os casos, esta será uma escolha sábia que
permitirá que você goze melhor a vida e tenha mais recursos diante
das dificuldades inevitáveis. Certifique-se com calma de que esta mensagem
interior foi ouvida e respondida positivamente. Pare e relaxe.
II. Dissociação
1. Fisiologia de Dissociação. Utilize a fisiologia
de dissociação. Recline-se na cadeira e sinta os ombros continuarem
caindo para trás. Deixe o queixo se erguer um pouquinho enquanto a cabeça
também vira pra trás e deixe o corpo inteiro ficar quieto.
2. Dissocie-se de uma Lembrança Desagradável.
Agora pense em uma lembrança moderadamente desagradável e demore-se
dissociando-se totalmente dela. Veja a si mesmo nesta lembrança, como
se estivesse assistindo um filme pela televisão. Pode ajudar se este
filme for em preto e branco, ou o aparelho de TV estiver um pouco mais afastado,
e a imagem for ficando cada vez mais apagada e menos nítida. Se você
tiver problemas na dissociação, imagine estar vendo através
de uma placa grossa de plástico transparente. Aprecie o sentimento de
ser um observador neutro, mas interessado e curioso.
3. Repita a Etapa 2. Use várias outras lembranças
moderadamente desagradáveis originadas de diversos contextos experiências
desagradáveis no trabalho, no lazer, em casa, com os outros e sozinho,
desapontamentos e erros, etc. Dissocie-se totalmente de cada uma delas, em turnos,
para pode gozar aquele sentimento de ser um observador neutro, mas interessado
e curioso.
4. Peça a Sua Mente para Associar-se Apenas Positivamente.
Agora, feche os olhos e pergunte ao seu inconsciente se ele estaria disposto
a ser um recurso positivo permitindo que você automaticamente dissocie-se
de todas as lembranças desagradáveis sempre que se lembrar delas,
reconhecendo que em quase todos os casos esta será uma escolha sábia
e lhe possibilitará gozar melhor a vida e ter mais recursos diante das
inevitáveis dificuldades da vida. Confira com calma se esta mensagem
interior foi ouvida e respondida positivamente.
Existe uma outra maneira de processar lembranças desagradáveis
para que se tornem recursos positivos: virando-as de trás para frente.
Use o exercício a seguir para ver como isto lhe poderá ser útil.
Exercício 28: Rodando um Filme de Trás para
Frente
1. Lembrança Desagradável. Pense em uma lembrança
moderadamente desagradável, e rode um filme dela, da maneira como se
lembra agora. Ao ver e ouvir este filme, observe quais são as suas sensações
negativas. Rode-o todo do princípio ao fim.
2. Rode o Filme de Trás para Frente. Agora entre no
final do filme, e passe-o inteiro de trás para frente, em cores, e muito
rápido, levando apenas cerca de um segundo e meio para fazer isso. Será
exatamente como se você estivesse participando da experiência e
o tempo desse marcha à ré velozmente. Faça isto mais duas
ou três vezes se quiser.
3. Teste. Agora rode o mesmo filme que viu na Etapa 1 e observe
de novo como suas sensações reagem. Para a maioria das pessoas,
as sensações desagradáveis que tiveram originalmente ficam
neutralizadas. Reviver a experiência de trás para frente rapidamente
muda a ordem dos acontecimentos na sua mente de tal maneira que o medo é
eliminado. Você não pode mais ter medo. É como se, fazendo
este processo mentalmente, você eliminasse o medo da situação.
Estar em uma situação invertida significa que você pulou
para o fim e imagina que está fazendo tudo de trás para frente,
andando de trás para frente, falando de trás para frente, movendo-se
de trás para frente, fazendo todo o processo de trás para frente
como se você estivesse vendo uma fita de vídeo no seu aparelho
de vídeo cassete programado para passar a fita em modo "reverso"
e você acaba no início da experiência antes que ela tenha
ocorrido.
Quando este processo não funciona, é porque a
pessoa colocou na ordem inversa o filme apenas, observando-se fazer as coisas
ao contrário, em vez de participar dele, de ter a sensação
de estar voltando para trás. Você precisa realmente reviver estas
experiências de trás para frente. Talvez ajude imaginar que uma
fita de borracha gigante o está atirando para trás, atravessando
sua experiência, tendo a sensação de se mover rapidamente
em direção ao início.
Combinar dissociação com o filme rodado de trás
para frente é um método ainda mais eficaz do que cada um deles
sozinho eficaz o bastante para neutralizar a fobia ou lembrança traumática
mais intensa. Este método foi desenvolvido por Richard Bandler como uma
forma de melhorar um método anterior desenvolvido por John Grinder.
Um corretor de seguros tinha medo de elevador. Se o escritório
do cliente estivesse acima do terceiro ou quarto andar, ele subia pelas escadas
ou desistia da visita.
Este medo realmente prejudicava sua renda embora proporcionasse um bocado de
exercícios. Quando lhe perguntavam onde tinha arranjado aquele medo,
ele não sabia dizer. Não conseguia se lembrar da primeira vez
, mas dizia que achava que a vida inteira teve medo de andar de elevador. Lembrava-se
de quando ainda era menino e tinha que pegar o elevador até o consultório
do dentista no sétimo andar, ele subia pelas escadas. Ainda sentia calafrios
ao pensar nisso.
Para ajudá-lo a vencer o medo, pediram-lhe que imaginasse
se vendo dentro do elevador subindo. Ele assistiu um filme em preto e branco
daquele menino de sete anos subindo de elevador, cheio de terror e pânico,
como se estivesse assistindo a cena de longe. Além de se ver dentro do
elevador, era muito importante que ouvisse o menino chorando e se debatendo.
Seu diálogo interior foi adequado para a dissociação, para
a neutralização do seu medo. Ele usou frases como "Ele está
assustado ali; o pobre menino está assustado".
Depois de ver o garotinho subir de elevador e saltar no último
andar sabendo que estava novamente a salvo, ele se associou à situação
de uma forma especial; pulou para o final da cena e percorreu o filme todo de
trás para frente bem rápido, do fim até o começo.
Ele imaginou tudo colorido, e muito rápido, levando apenas de um a um
segundo e meio.
Quando acabou, ele pulou fora no início, antes do momento
em que o fato tivesse ocorrido.
Passaram-se seis anos e ele ainda está bem. Logo depois
de usar a técnica, ele testou seu medo subindo em um elevador de paredes
de vidro até um restaurante no décimo terceiro andar, onde tomou
um copo de vinho para comemorar.
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